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Alta-costura: em tributo à dança, o veludo ganha força no desfile da grife Valentino

Published 15/04/2016

Maria Grazia Chiuri e PierPaolo Piccioli são especialistas em transformar as referências da cultura romana em peças encantadoras. E sabem, como ninguém, encontrar novos caminhos dentro desse universo, evitando que suas coleções soem datadas ou monótonas. Em seu desfile de alta-costura, a dupla foi fiel a seu DNA feminino e, além de se inspirar na estética bizantina do estilista espanhol Mariano Fortuny (1871-1949), fez um tributo a divas da dança, como as americanas Martha Graham (1894-1991) e Isadora Duncan (1877-1927). Precursora da dança moderna, Duncan aboliu as sapatilhas de ponta e os espartilhos – suas performances eram feitas em roupas esvoaçantes, com cabelos soltos e pés descalços. Essa liberdade foi bem traduzida na passarela com uma profusão de tecidos etéreos e caimentos fluidos – e pés no chão. 


O incrível trabalho que os artesãos da maison fizeram com o veludo produziu vestidos ricamente texturizados e ao mesmo tempo joviais. A sofisticação do devoré e a leveza do tule surgiram em modelos plissados, vestidos de mangas compridas, túnicas, capas e casacos longos. Não faltaram bordados e deslumbrantes brocados sobre tule e chiffon. Os comprimentos se alternaram, com predomínio dos longos. Decotes profundos e transparências bem dosadas – aliados a uma paleta que passeou pelo verde, vermelho, azul, branco, nude e dourado – adicionaram uma doce sensualidade aos looks. Os patchworks multicoloridos e acessórios dourados com toque bizantino – tiaras de serpentes, body chains e adornos nos pés – resultaram em uma feminilidade mítica e cheia de atitude, com certo perfume do seriado Game of Thrones

Munidos de sensibilidade, Chiuri e Piccioli seduzem as mulheres com suas criações e continuam impondo sua força no concorrido mundo da haute couture.

Coluna publicada na edição 1171 da Revista CARAS.
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