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Erika Palomino traça um panorama do atual momento do mercado fashion

Uma das figuras mais influentes do mundo da moda, traz um olhar de expert

Erika Palomino é multifacetada: jornalista, consultora e uma das 500 pessoas mais influentes do mundo da moda, segundo o site Business of Fashion, onde figura ao lado de grandes ícones, como o estilista brasileiro Alexandre Herchcovitch. Após 17 anos na Folha de São Paulo, Erika trabalhou em projetos pessoais, como a revista Key e o núcleo House Of Palomino. Depois, circulou pelas principais publicações de moda do país e foi jurada do Brazil’s Next Top Model, do canal Sony, além de prestar consultoria para O Boticário, Melissa e TV Gazeta – onde repaginou o visual da apresentadora Cátia Fonseca. A seguir, a jornalista critica a atuação das blogueiras e analisa o cenário fashion nacional.

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Como você avalia a moda  que é feita hoje?
A velocidade de consumo da moda me espanta. A tecnologia da comunicação está tão rápida que acelerou a moda ainda mais. Fico impressionada com esse frenesi e superficialidade. Não que a moda seja ou já tenha sido percebida de forma profunda. Por mudar rápido, as pessoas acham que a moda é fútil, volátil e descartável. Mas agora ela muda muito mais rápido à medida que consumimos os instagrans e snapchats, onde se tem acesso às roupas e ao comportamento das pessoas. 
Falta criatividade no mercado? 
Em momentos de crise, quando as pessoas avaliam minuciosamente como vão gastar o seu dinheiro, é comum que as marcas mostrem roupas mais comerciais, mesmo nos desfiles. Dessa forma, supostamente, conseguem atingir um gosto médio e mais gente vai comprar. Quem faz peças muito diferentes, ousadas e extravagantes corre o risco de não vender. Mas há coisas interessantes acontecendo no mundo da moda, sim. Aqui no Brasil, talvez o problema esteja no mercado consumidor, que é acomodado.
Que conselho daria a um  estudante de moda ou a um  estilista em início de carreira? 
Eles não podem usar todo seu tempo só com a moda. Como manifestação cultural, a moda cruza com arquitetura, arte, cinema, música etc. É preciso ficar atento a tudo. Que estilista brasileiro você  destaca como promessa? O Pedro Lourenço é um grande talento! Ele é muito técnico, conhece tecidos, ama a moda e entende de arquitetura e artes plásticas.
O São Paulo Fashion Week,  que acontece este mês, completou  20 anos em 2015. Como vê o  atual momento das semanas  de moda aqui no Brasil?
O momento reflete o que estamos vivendo no varejo. O SPFW deveria ser um evento para apresentar as coleções e fazer relacionamento. Mas até pelo time dos eventos eu tinha a sensação de que havia algo fora do lugar, quase como se todo mundo que estivesse ali fosse cenografia, porque muita coisa não vai para as lojas e muitas relações não são de verdade. Este é um bom momento para pensar no futuro, no que vai ser feito daqui para frente e questionar a maneira como as coisas estão sendo conduzidas. 

O que acha do trabalho  que as blogueiras fazem?
Os “looks do dia” são um consumo vazio, sem informação. Não me interesso por blogs com esse tipo de conteúdo. Sem contar que algumas blogueiras acabam fazendo “recortagem”: pegam uma matéria, traduzem e reproduzem no seu próprio veículo. Se você rodar pelos blogs, vai ver mais ou menos as mesmas notícias e até os looks são meio parecidos. 
Você segue alguma blogueira  nas redes sociais? 
Não sigo nenhuma brasileira. De vez em quando dou uma olhada pra ver o que estão falando, mas por obrigação mesmo. Acho divertidos alguns blogs estrangeiros, principalmente os que têm um pouco mais de ironia, como o Man Repeller ou Goop, que tem curadoria da atriz Gwyneth Paltrow. Mas não me interesso em ver somente mulheres fazendo pose de quem vai atravessar a rua para mostrar os créditos das roupas que usam. 

Como a internet mudou a moda? 
Ela tornou acessível e difundiu uma informação que antes era muito restrita. Fiz cobertura de desfiles internacionais durante 15 anos e era uma coisa maluca conseguir entrar em um deles. As blogueiras e outros fenômenos proporcionados pela internet mudaram esse cenário