Victor Dzenk: sem crise

O estilista recebeu a equipe de MANEQUIM durante o Minas Trend e falou sobre sua carreira e da atitude em relação ao atual momento econômico

A 19ª edição do Minas Trend foi especial para o estilista mineiro Victor Dzenk, que voltou a desfilar em casa após pausa de dois anos das passarelas e uma longa jornada de mais de 20 edições de Fashion Rio – que deixou de existir em 2014 – e do desfile de inverno 2015 no SPFW. Em 2016, Victor planeja estar também no Veste Rio e no Salão Casamoda, em São Paulo. “É hora de ir à caça do cliente e mostrar a cara. Não dá para ficar tímido porque o país está em crise”, afirma. Bem-sucedida, hoje a marca está presente em Minas Gerais com duas lojas próprias, em 120 multimarcas no Brasil e 12 no exterior.

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Qual a importância de participar do Minas Trend, que é um evento de moda aliado a um salão de negócios?
Os universos do showroom e da passarela têm que se aproximar. Nessa edição do salão de negócios, por exemplo, clientes que fizeram pedidos antes vieram complementar as compras com itens que viram no desfile. É muito positivo concentrar as ações todas no mesmo lugar. 

Sua família está no mercado da moda desde que você era criança. Como entrou nesse universo? 
Meus tios trabalham no meio têxtil, meu avô foi dono de armarinho, minha mãe costurava, e a possibilidade de toda a família trabalhar unida é gratificante. Foi natural ingressar nessa área. Aos 15 anos eu já estagiava em uma loja de tecidos. 
Como surgiu a marca Victor Dzenk? 
Minha primeira marca se chamava Perfecto. Em 1998, no BH Fashion Week, o Paulo Borges sugeriu que fossem lançados os nomes dos designers, não das grifes. Foi quando surgiu a Victor Dzenk na semana de moda mineira, por onde também passaram Ronaldo Fraga e Jum Nakao. Esse foi o passaporte para os demais eventos, como o Fashion Rio. 
Como você planeja uma coleção? 
Após o fim da 19ª edição do Minas Trend, já iniciamos a próxima coleção, que é a de verão 2018. Tudo começa a partir da escolha de um tema, que gera uma galeria de imagens e uma cartela de cores que vão determinar a nossa estamparia. Também definimos um “mood” que indica como serão as nossas modelagens. Planejamos os desfiles com cinco ou seis meses de antecedência.
É difícil planejar tanto tempo antes? 
Já foi. Hoje não é, porque a engrenagem toda trabalha para antecipar as tendências. Os fornecedores já estão com o mostruário de verão pronto, as cartelas já estão disponíveis nos sites de pesquisa, como o WGSN, e já temos prévias de temas que queremos trabalhar na marca. 
Como são definidos esses temas? 
Eles têm a ver com o DNA da marca e com a nossa história. Para a coleção de inverno, levantei um tema, e os demais estilistas, outros. Discutimos e fizemos uma fusão dessas ideias. 
Como é sua equipe de criação? 
Na criação e estilo, trabalhamos eu e mais dois estilistas. Temos cinco modelistas, que atuam cada uma em um segmento – camisaria, vestidos etc. –, e 18 pilotistas. 
Suas coleções seguem tendências? 
A mulher que veste Victor Dzenk se identifica com o nosso DNA, que contempla uma estamparia marcante, modelagens que delineiam o corpo e tecidos fluidos. As tendências acabam aparecendo, mas não são obrigação. 
E quais são suas inspirações? 
Quando estudei em Paris, era o Jean Paul Gaultier, principalmente. Mas gosto dos clássicos, como Christian Dior e Yves Saint Laurent. 
A moda festa mineira tem um DNA? 
Sim. O cuidado em preservar o que é feito à mão, o primor dos bordados, estampas que são quase obras de arte, a atenção com o acabamento e a modelagem, além da valorização da cultura regional – que privilegia a mão de obra e as matéria-primas mineiras.