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Mayra Cardi, jejum intermitente e transtornos alimentares: Qual a importância de um acompanhamento profissional?

Dra. Maiara Souza falou sobre a necessidade de ter um médico auxiliando a atitude e influências de pessoas sem autoridade para falar do assunto

Dra. Maiara Souza falou sobre a necessidade de ter um médico auxiliando a atitude e influências de pessoas sem autoridade para falar do assunto – Instagram/ Unsplash

A influenciadora Mayra Cardi tem 6 milhões de seguidores no Instagram e é conhecida por dar dicas de beleza e bem-estar, além de promover venda de produtos ligados a essas temáticas. Em sua descrição na rede social, a coach de descreve como”líder em emagrecimento natural e analista comportamental”. Apesar de se intitular assim, Mayra Cardi não é formada em medicina, nem em nutrição.

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Nos últimos dias, a influencer divulgou que fez jejum de sete dias e iniciou fase nova de crudivorismo. O seu nome se tornou assunto nas redes sociais e abriu debate sobre pressão estética entre os internautas. Após contar do jejum de sete dias, a coach prepara para fazer um de 12 e outro de 40.  

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A divulgação de seus hábitos alimentares levantou o questionamento se era marketing para vender produtos de emagrecimento. A Dra. Maiara Souza, nutricionista da Clínica Geisa Costa, explicou, com exclusividade, a importância de ter profissionais que acompanhem o jejum intermitente.

“Pensando no jejum como uma estratégia nutricional ele não é simplesmente você ficar determinado o número de dias ou horários sem se alimentar. É importante levar a comida em consideração. Já que há uma estratégia e não uma estratégia de parar de comer e ter o acompanhamento de um profissional nutricionista e até mesmo de outros profissionais para que a saúde e que o objetivo dessa pessoa seja preservado e tenha o melhor interesse dela possível em mente”, disse.

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De acordo com a nutricionista, as orientações de dieta e mudanças de hábitos alimentares precisam ser avaliadas ao longo do processo, já que nem todas pessoas podem fazer: “Existe indicação e contraindicação jejum. E muitas vezes, as pessoas imaginam que uma estratégia nutricional vai ser ótima pra elas sendo que aquilo não tem nem um pouco de relação com o que elas desejam e pode ser feito de uma maneira diferente e mais fácil pra alcançar o objetivo”.

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A Dra. Maiara apontou que aconselhamento feito por pessoas leigas pode acarretar em riscos para a saúde: “Influenciador, como o próprio nome já diz, tem o grande potencial de influenciar as pessoas. Quanto maior essa audiência, maior o poder de autoridade sobre determinados assuntos mesmo que ele não tenha qualquer tipo de conhecimento técnico para falar sobre determinado assunto”.

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Mas, onde isso gera um problema? “Quando nós falamos sobre coisas mais supérfluas, realmente isso não pode não interferir tanto na vida das pessoas. Quando falamos sobre saúde, hábitos de vida e coisas que podem ser arriscadas, se essa audiência tiverem uma situação não ideal pra colocar essa atividade em prática, como um jejum de dias prolongados, isso pode ser uma influência negativa. Já que aquela pessoa, naquela audiência, vai ouvir isso, confiar, ser influenciada por esse determinado influenciador e colocar em prática. E esse ato pode ser prejudicial. Isso pode ser um problema não só uma, mas de várias pessoas”, acrescentou a nutricionista.

Para a profissional, caso uma pessoa queira jejum, é preciso fazer acompanhamento: “Tudo tem indicação e contraindicação. O jejum não vai ser diferente disso. Existem contraindicações práticas do jejum e é um dos motivos de se ter acompanhamento e consultar profissionais habilitados para isso”.

A nutricionista ressaltou que nem todos podem fazer jejum: “Certas pessoas querem fazer jejum, já recebi várias pessoas no meu consultório, queriam fazer jejum, mas que pra elas era um procedimento arriscado, seja pela condição de saúde, pela condição de exames bioquímicos, seja pela condução de alguma doença ou de algum uso de medicamento e até mesmo pela condição de saúde mental das mesmas. Às vezes, não vai ser a melhor resposta pra ela, mas não quer dizer que não existe uma resposta para o caso desse indivíduo.”

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E a falta desse profissional pode gerar algum problema, que pode ser físico ou mental. “Essa falta de acompanhamento pode gerar um transtorno muito grande ou causar gatilhos para transtornos alimentares que estão prestes a se desenvolver ou que para transtornos alimentares que já estão presentes em alguém que já vem batalhando contra”. Além de desmaios, quedas, tonturas, baixas glicemias e influências de medicamentos tomados durante o jejum.

Como nutricionista, Dra. Maiara ressaltou a importância da responsabilidade e da ética profissional. Para ela, é preciso falar com autoridade sobre o assunto e não apenas do que seria bom, interessante ou legal, ou de uma perspectiva pessoal da experiência.pessoal. mas de um ponto de vista externo, onde não é necessariamente as atitudes que o nutricionista em se coloca na própria vida, mas sim em melhor interesse daquela pessoa que está escutando ou do seu paciente. 

“Seja em formato de audiência, seja no formato como paciente, como nutricionista é fazer mudanças alimentares que fazem sentido dentro da realidade daquele indivíduo. E não apenas algo que seja praticado por mim e que eu queira relatar esse hábito para outras pessoas”, acrescentou.

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De acordo com a Dra. Maiara, essas mudanças se mal feitas com as pessoas que já possuem gatilhos e um histórico, que já possuem dificuldades, que já possuem a saúde mental, emocional abalada por questão de peso e imagem,  podem ser todos causados, engatilhados e piorados devido a esse incentivo à prática de jejum sem necessariamente nenhuma ressalva, sendo feita um tipo de acompanhamento, sem nenhum tipo de aconselhamento adequado àquele indivíduo.