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Por que a morte de famosos gera tanto impacto nas nossas vidas?

O ​Dr. Junior Silva, psicanalista e especialista nesse assunto, conta como superar o luto e o que podemos aprender nessa fase

Paulo Gustavo morreu, aos 42 anos, em decorrência de complicações da COVID-19 e causou comoção nacional – Instagram

Estamos vivendo um momento atípico em nossas vidas. Por conta da COVID-19, algumas pessoas estão perdendo amigos e familiares, é quase impossível não conhecer alguém que tem uma história para contar sobre essa doença. Na noite de ontem, 4, o ator e humorista Paulo Gustavo, faleceu, aos 42 anos, em decorrência das complicações do coronavírus.

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Muitas pessoas, mesmo sem conhecê-lo pessoalmente, ficaram emocionadas e sofreram com a morte do artista. Paulo soube entrar na casa dos brasileiros e deixou um legado com a sua arte. Nas redes sociais, muitas homenagens e mensagens mostraram que, realmente, houve uma comoção nacional. 

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Conversamos com o Dr. Junior Silva, psicanalista, hipnólogo e coach, para entender melhor o motivo pelo qual a morte de celebridades mexe tanto com as pessoas. Ele também explicou mais sobre o luto e deu algumas dicas valiosas de como passar por esse período. 
 
O que é o luto? 

Segundo Dr. Junior Silva, o luto é um conjunto de sentimentos de uma perda significativa, que pode ser gerada por uma morte ou qualquer situação que temos a certeza é irreversível, ou seja, não temos mais o que fazer ou viver com aquela pessoa ou situação.
 
 Por que o luto é importante? 

“Viver o luto é organizar nossos sentimentos, é encerrar uma etapa da vida e recomeçar com outra que não podemos mudar. Quando reprimimos corremos o risco de trazer consequências emocionais lá na frente, pois o que não é resolvido um dia nossa mente vai cobrar”, explica o psicanalista. 
 
Por que a morte de pessoas famosas, que não conhecemos pessoalmente, nos deixa tão tristes e abalados?

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Para o Dr. Junior, quando perdemos um familiar, perdemos alguém que gerou diferentes sentimentos, como, por exemplo, felicidade, mágoas, tristezas, alegrias. “É um conjunto de sentimentos e ações que fomos convivendo ao longo da vida. O que não acontece quando perdemos uma celebridade”, analisa.

“A celebridade nos inspira, nos transmite alegria, fé e momentos divertidos. Ao perder uma pessoa famosa que admiramos, perdemos alguém que fala o que não falamos, faz o que não conseguimos, devolve o riso, a inspiração, devolve a esperança que não vemos em nós”, acrescenta.

Dr. Junior ainda analisa a importância de Paulo Gustavo: “Ele foi um pessoal incrível e um profissional maravilhoso. Ele transmitia fé e esperança não só nos seus papéis, mas também na sua essência. Nunca estamos preparados para as perdas, e, principalmente, a morte de pessoas nos inspira a ser melhor, nos diverte e nos dá esperança de uma vida melhor e mais leve”.
 
Por que não estamos preparados para a morte?
 
De acordo com Dr. Junior, a resposta é simples: não fomos ensinados a perder, não gostamos da perda e muito é cultural. “Por exemplo, no Butão, considerado o país mais feliz do mundo, eles não veem a morte como fim, mas como uma passagem para uma nova vida onde a pessoa tem o direito de viver o novo. Eles fazem algumas reuniões pós morte para relembrar o legado, o bom que esta pessoa construiu, tendo consciência que se fez o melhor sem dívida um com outro”.
  
Como podemos passar pelo luto com mais facilidade? 
 
“A dificuldade de viver o luto acontece muito quando nos sentimos em dívida com quem nos deixou. Por exemplo, não fiz isso, não disse aquilo e agora não posso mais. Vivenciar com mais facilidade é reconhecer o quanto foi importante o outro em nossa vida e que tudo que vivenciamos de positivo ou negativo se tornará daqui para frente um legado de vida e não de destruição.
Dependendo das dívidas que temos e como lidamos, precisamos às vezes de um auxílio profissional.”, 
diz Dr. Junior.
 
O que podemos aprender com o luto?

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Segundo o psicanalista, podemos aprender com luto que tudo tem o fim e que precisamos vivenciar o hoje como se fosse o último dia. “O luto bem vivido nos traz o reconhecimento da importância e o que outro deixou de especial, pois o que perdemos pode não estar mais presente no dia a dia, mas estará no coração para o resto da vida. Uma coisa muito importante, o luto não é o fim, mas o começo de um novo tempo de alguém ou de algo que nos ajudou a ser o que somos hoje.”, finaliza.