O que é moda sustentável? Especialistas desmistificam o conceito no Vira Cultura na Moda
Moda sustentável vai além de produzir roupas e acessórios com materiais recicláveis. O consumo consciente é o caminho para reduzir o impacto ambiental da indústria. Saiba como colocar em prática esse conceito com dicas de especialistas que foram ao Vira Cultura na Moda
Quando se fala em moda sustentável, é inevitável pensar em roupas e calçados feitos com materiais recicláveis. Mas esse conceito vai além. Para atender à enorme demanda do mercado, que exige diversas coleções sazonais por ano, a indústria da moda provoca grande impacto negativo na natureza, como o uso desenfreado de recursos naturais e a contaminação do solo e da água. O consumo consciente é o caminho para mudar esse cenário, de acordo com o apresentador Arlindo Grund, a blogueira Bia Perotti, a professora Dhora Costa, a artesã Anne Galante, a professora de costura criativa Elisa Dantas e a fundadora do Banco de Tecidos Lu Bueno, que participaram de bate-papo durante o Vira Cultura na Moda, promovido pela MANEQUIM de 11 a 13 de novembro. “Os estilistas estão criando peças que não têm mais ‘prazo de validade’, que atravessam temporadas. É bacana porque não dá mais para comprar uma peça, usar quatro meses e depois deixar encostada no guarda-roupa esperando a moda voltar”, afirma Grund, autor do livro Nada para Vestir, onde ensina a investir em peças-chave atemporais.
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Para Dhora Costa, professora de moda da Belas Artes, a velocidade de produção e o baixo custo da mão de obra da China faz o mercado brasileiro produzir cada vez mais para tentar competir com o país asiático. “As técnicas de produção exigem que recursos naturais sejam extraídos, mas é preciso lembrar que eles são finitos. É preciso pensar estrategicamente. Também não dá para parar de consumir porque causaria desemprego e alterações na economia”, diz. A sociedade precisa de readaptação. “Não adiantar querer pagar barato. Se toda vez que comprar uma peça você quiser pagar R$ 10, vai ter que comprar sempre. Por trás da máquina que fez a roupa, tem uma pessoa, que precisa ganhar pelo trabalho que realizou. É melhor comprar uma peça de R$ 300 que vai durar por muitos anos. Se ela for de qualidade e a tiver a ver com seu estilo, você vai poder usá-la para sempre”, garante Anne Galante, artesã e empresária à frente da marca Señorita Galante.
Também vale a pena olhar com mais carinho para o guarda-roupa. “Uma das primeiras coisas que minhas clientes falam é: ‘não tenho roupa!’. Então faço ela repensar o que tem e ver a melhor forma de combinar ou reaproveitar suas peças”, comenta Bia Perotti, que mantém o site Os Achados e é stylist. Customizar também é um caminho do consumo consciente. “Quem não tem uma roupa que não usa mais? Pega um vestido que está encostado e transforma em um quimono, por exemplo. É uma sensação maravilhosa, tanto como comprar uma roupa nova”, afirma Elisa Dantas, do blog A Costureirinha.
A figurinista Lu Bueno faz a sua parte de outra forma para estimular esse novo pensamento no mundo da moda. Com meia tonelada de tecido que acumulou em mais de 20 anos de profissão, ela fundou o pioneiro Banco de Tecido, que promove troca e venda de tecidos que seriam descartados. “Só temos tecidos de reuso. Você deposita o seu e ganha créditos. Também dá para comprar o quilo de tecido, qualquer um – seda ou TNT, por R$35”, explica.
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