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Comidas? Compras? Psicóloga mostra quais são as mais frequentes compulsões desta quarentena

Especialista comenta sobre a relação entre a chegada da Covid-19 e as compulsões comuns neste período

Comidas? Compras? Psicóloga mostra quais são as mais frequentes compulsões desta quarentena – Pixabay

Entramos agora no terceiro mês de isolamento social. A medida sugerida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e reafirmada pelos sistemas de saúde internos dos países afetados pela pandemia foi vista como medida fundamental para frear a disseminação do coronavírus.

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Mas sabemos que conciliar os afazeres domésticos, o emprego e prazeres diários não é uma tarefa fácil. Alguns vícios, ou as chamadas compulsões, ganham força durante a crise. Você sabe o que elas são? Sabe se sofre desse mal? Como reverter a situação? A psicóloga Marina Prado Franco respondeu algumas perguntas para a Manequim sobre o assunto. Confira:

Quais os tipos mais comuns de compulsão que você tem percebido nessa quarentena?

Os tipos mais comuns de compulsão que eu tenho notado nessa quarentena são, talvez, por bebidas alcoólicas, por alimentos, principalmente alimentos gordurosos e açucarados, compulsão por jogos e compulsão até mesmo por sexo. É importante ressaltar que pessoas que já tinham algum grau de dependência anterior a esse período de quarentena, ou até mesmo já estavam em processo de tratamento, terão uma predisposição maior. Essas pessoas podem regredir no desenvolvimento da ‘cura’ contra essas dependências, piorando alguns sintomas e aumentando frequências.

Essa compulsão vem devido ao isolamento social?

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O isolamento social vai ser um fator que pode contribuir para o desenvolvimento ou agravamento de algumas compulsões. Mas, talvez não possamos apontar o isolamento social como um fator ‘sozinho’ que irá gerar uma compulsão, e sim vários fatores que podem estar encobertos durante o isolamento. Quando nos vemos nessa situação [de isolamento], isso predispõe um aumento da ansiedade, de sentimentos ‘não tão agradáveis de sentir’, como o medo, a insegurança, a tristeza, ou até mesmo a depressão. Para lidar com esse cenário, aí sim alguns comportamentos compulsivos podem aparecer, como uma resposta ou fuga emocional.

Quais os malefícios a longo prazo das compulsões alimentares e de bebidas durante a quarentena?

A curto prazo, isso aliviará momentânea mente esses sentimentos negativos. Porém, a longo prazo, isso trará enormes malefícios. Para a saúde, por exemplo, as compulsões alimentares poderão gerar, mais para frente, quadros de obesidade, problemas cardíacos, a baixa da imunidade, diabetes, etc., as bebidas alcoólicas poderão gerar quadros de problemas no fígado. Poderão surgir também, em decorrência dessas compulsões, problemas como a insônia, diminuição da autoestima, conflitos familiares, maior isolamento pessoal, etc.

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Quais são os principais sinais de alerta para que a pessoa perceba a compulsão?

Os dois principais sinais de alerta são a frequência e o controle que você tem em relação aos seus desejos e limites. Por exemplo, você deve pensar na quantidade de vezes semanais que você perde o controle na quantidade de comida ingerida, ou na quantidade de álcool tomado, pensar se você consegue segurar os anseios que surgem e se você sabe a hora de parar.

Qual a importância e como deve ser a busca por ajuda nesse momento?

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Nesse momento que você toma consciência dos sinais de alerta, é muito importante que você busque por ajuda. Se você não tem um controle sobre si mesmo, a ajuda de um terceiro será necessária para te observar de fora e te auxiliar. Se você convive com familiares e eles mesmos perceberem as compulsões, talvez seja hora de reduzir o consumo de alimentos ou substâncias. Eles poderão te ajudar no controle da quantidade de comidas e bebidas que você terá em casa, ou até mesmo te ajudar a encontrar outras fontes de prazer. Quando as compulsões começam a interferir na sua rotina, é hora de entrar em contato com algum profissional. Procure por psicólogos, psiquiatras ou nutricionistas.


Marina Prado Franco: Psicóloga formada pela Universidade Federal de Sergipe; Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pelo CTC VEDA em São Paulo; Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP; realiza atendimento presencial e online. Tem experiência no atendimento com adolescentes e adultos.

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