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Paulista de Campinas, Karen Bazzeo, 30 anos, tem trabalhos espalhados por São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Poesias e críticas sociais surgem de suas obras que colocam o crochê na paisagem urbana por onde passa. Na região do Largo da
Batata, zona oeste de São Paulo, por exemplo, a mensagem é reflexiva. “Onde o teu medo dói?”. E não é só o conteúdo profundo da questão
que causa impacto dos pedestres, mas também o contraste do concreto com a lã que dá vida à instalação.

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 Designer por formação, Karen aprendeu crochê para “se encontrar” em uma fase de transição profissional. Foi a mãe, que também já tivera a técnica manual como hobby, quem a ensinou. “O crochê virou uma forma de expressão e, depois, um trabalho”, conta ela, que criou o Dolorez Crochez, um ateliê que promove intervenções em espaços públicos. “Normalmente eu não pinto, só intervenho. Dentro dos meus projetos tem o espaço em que a arte é só minha e tem o momento em que dialogo com outros artistas. No projeto ‘A rua é minha tela’ (acima), existe essa mescla”, explica. 

Uma das mais expressivas obras foi concluída no último sábado, 19, mas teve um longo e reflexivo processo de produção. Karen começou a confecção dele
na época em que as hashtags #meuprimeiroassédio – criadas pelo coletivo Think
Olga – ganharam popularidade nas redes sociais. “Fiquei muito tocada. Na
sequência teve o ato contra Cunha, que na época, queria aprovar uma lei que dificultava
o acesso da mulher a respeito de seus direitos em relação a abusos e aborto. Eu
não pude comparecer, pois já tinha uma viagem marcada. Mas queria me expressar
de alguma maneira em relação a tudo aquilo que estava acontecendo”, conta ela, que escolheu a Casa Jaya, um centro eco-cultural na Zona
Oeste da capital paulista.  Na instalação um coração, flores e a reflexão: “que liberdade seja a nossa própria substância.”

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“Apesar de a
efemeridade fazer parte do meu trabalho, esse, especificamente, eu não quis
colocar na rua. Queria que ele se instalasse em um lugar especial. Procurei por
bastante tempo e precisei segurar a ansiedade para a instalação, até que,
aproximadamente três meses depois, surgiu a oportunidade de colocá-lo na Casa
Jaya”, explica.

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