A agenda de Lethicia Bronstein está cada vez mais concorrida. Afinal, agora ela soma a função de apresentadora do programa A Estilista, exibido pelo canal Fox Life, ao trabalho à frente de sua marca. Mesmo assim, topou receber a equipe de MANEQUIM em seu ateliê, em São Paulo, para falar de seu ótimo momento profissional. Com menos de dez anos, sua grife já é referência em moda festa no Brasil. Em 2015, pela primeira vez, emplacou um modelo na cerimônia do Oscar, com a top Carol Ribeiro. E, recentemente, lançou uma linha especial para a Riachuelo. A seguir, ela conta o segredo de seu sucesso.
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O que mais atrai atenção do público para o seu dia a dia, que virou programa de TV?
O fascínio pelos looks das celebridades. As pessoas querem saber como surgem os modelos. Sempre me perguntam: “Fulana é legal? Tem corpo bonito?” Mas também gostam de ver os bastidores da moda.
Como você iniciou a sua carreira?
O mundo da moda sempre me encantou! Minhas primas são donas da Maria Bonita, então eu via desfiles e ouvia histórias de viagens a Paris. Aos 16 anos, fiz intercâmbio e passei a acompanhar canais que mostravam red carpets de grandes eventos. Foi quando soube que gostaria de fazer vestidos de festa. No ano seguinte, prestei vestibular para moda e comecei a estagiar. No meio do caminho, fui a Londres estudar na Saint Martins, referência na área de criação. Voltei para o Brasil, concluí a faculdade e trabalhei para três marcas antes de ter a minha. Foram 13 anos de experiência.
Quando nasceu a marca Lethicia Bronstein?
Paralelamente ao meu emprego formal, fiz a minha primeira noiva, que era uma amiga. Aceitei desenhar o modelo e acabei fazendo o traje da mãe, o da irmã e os de algumas madrinhas. Foi ótimo para eu ter certeza do que queria. Em 2007, quando já tinha um portfólio com 50 noivas, decidi abrir o meu ateliê.
Como funciona o trabalho do ateliê?
Trabalhamos três segmentos: noiva, festa e pronto para usar. Quando uma noiva chega aqui, ela me conta o que tem em mente. Se ela quer um decote V, mas não o usa no dia a dia, provavelmente não vai se sentir bem no casamento. A nossa conversa é quase uma sessão de terapia. Então desenho um modelo, mas as provas é que definem o resultado final. As clientes que procuram um vestido exclusivo de festa, em geral, buscam inspiração em peças usadas por famosas, mas querem fazer adaptações. E as coleções eu crio do zero, não sigo muita tendência. Gosto de roupa atemporal.
Em quanto tempo um vestido fica pronto?
As noivas fazem a primeira visita ao ateliê oito ou dez meses antes da cerimônia e realizam até seis provas de roupa. Para executar um vestido de festa, são necessários três meses e três provas.
Quantas pessoas trabalham para você?
Cerca de 20. Existem quatro núcleos dentro da produção: modelistas, para quem eu conto o que estou imaginando para modelarem e cortarem os tecidos; costureiras, que montam a base do modelo; as responsáveis pelo patchwork de rendas, uma assistente e eu; e as bordadeiras, que prendem à mão a renda e aplicam a pedraria. O patchwork de renda é uma característica marcante nas suas criações… Junto vários tipos de renda e crio um tecido novo. Quem bate o olho vê que não é aquela coisa industrializada.
Que tecidos você mais usa?
Seda, tafetá, musselina, georgette, tule, rendas e paetês são alguns dos mais indicados para a moda festa. Mas a ocasião e o caimento desejado determinam a escolha.
É mais difícil trabalhar com tecidos caros?
É preciso ter cuidado na hora de cortar, porque errar significa ter prejuízo. O ideal é fazer primeiro uma tela com outro tecido e, quando a modelagem estiver aprovada, cortamos o tecido caro.
Que conselho você daria para uma novata?
A profissão não é só glamour! Desenhar e acompanhar festas e desfiles é o que a gente menos faz. O trabalho é duro. Tem que ser gestora, ter pulso firme para comandar uma equipe, trabalhar o marketing da marca, além de executar todo o trabalho de criação.A não ser que você tenha muito dinheiro para, desde o início, ter um assistente de estilo, uma modelista e um assessor de imprensa. Usei a minha experiência dos trabalhos anteriores para moldar melhor o meu negócio. Meu conselho: encare o mercado, vá segurar sacola, comprar aviamentos, entender o que é uma ficha técnica para depois pensar na sua marca.
Você já fez mais de 20 vestidos para novelas. Como surgiu o primeiro convite?
Uma figurinista da Globo viu um vestido meu na MANEQUIM NOIVAS e me ligou dizendo que a Luciana, personagem da Vanessa Giácomo na novela Duas Caras (2007), ia casar e ela queria aquele vestido. Assinei mais dois modelos da mesma novela. Uma figurinista foi falando para a outra e criamos uma parceria. A última a usar um modelo meu foi a Bruna Marquezine, em I Love Paraisópolis.
Os modelos são feitos sob medida?
A maioria sim. O vestido da Marina Ruy Barbosa, a Nicole em Amor à Vida (2013), foi feito especialmente para a novela. É um dos meus preferidos. Já o da Maria Clara (Andrea Horta), de Império (2014), fazia parte de uma coleção.
E o seu vestido de noiva, como escolheu?
Sou apaixonada pelo trabalho da estilista norte-americana Vera Wang e sempre quis usar um vestido de noiva dela. Em uma viagem a Nova York, entrei numa loja e vi um modelo lindo, todo de tule. Era da Vera. Como era grande e eu pensava em usar um tomara que caia com saião princesa, agendei uma visita ao ateliê dela. Experimentei aquele modelo da loja no meu tamanho, na cor off-white, e meu coração bateu mais forte.
Quem são seus estilistas preferidos?
Além da Vera Wang, Karl Lagerfeld, Marc Jacobs, Oscar de la Renta e Carolina Herrera são os que mais admiro.
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