Mais uma vez, Miuccia Prada deu vida nova à tradicional alfaiataria. A partir de peças clássicas, como saias lápis, blazers e sobretudos, a estilista italiana trabalhou com padronagens listradas, sobreposições, volumes, transparências e texturas para criar uma coleção extremamente contemporânea e anticlichê, que ganhou elogios de críticos respeitados como a jornalista de moda britânica Suzy Menkes.
Os tecidos – tweed, couro, organza, camurça e seda – surgiram ora justapostos, ora sobrepostos, criando um interessante jogo de camadas. O comprimento das saias oscilou, mas fossem curtas ou na altura dos joelhos, não abandonaram a vibe moderninha. Econômica, a paleta de cores beirou o invernal e deu origem a combinações controversas com amarelo, vermelho, marrom, preto, branco, bege, dourado e verde. Antes controversas do que entediantes! E quem acompanha a trajetória da grife sabe que pode esperar tudo dela, menos uma coleção monótona, que se acomoda em hits do passado.
Visionária, Miuccia adiciona atitude em tudo – pense nos acessórios statement, que foram um show à parte: sapatilhas com laços no tornozelo, brincos pendentes com grandes esferas, além de sandálias e bolsas listradas contribuíram para dar força aos looks. E impossível esquecer do batom dourado, que fez o make idealizado por Pat McGrath (45) ser um dos mais comentados da Semana de Milão.
Apesar de a alfaiataria excêntrica ter monopolizado os holofotes, os vestidos com cintura deslocada e modelagem fluida chamaram a atenção como proposta para os dias quentes. A riqueza de texturas dos looks finais, com flores e brilhos, mostrou como um casaco pode ser essencial para montar uma produção antenada. Feita para mulheres à frente de seu tempo, a coleção da Prada pode desagradar as mais tradicionais, mas tem tudo para conquistar corações vanguardistas.
Coluna publicada na edição 1145 da revista CARAS