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Um bate-papo com João Braga

Conversar com o historiador João Braga é embarcar em um túnel do tempo fashion. E nunca mais querer sair – seja do glamour dos anos 1950 ou do espírito livre da década de 1970

Pensar em história da moda é pensar em
João Braga. E vice-versa. Uma única
aula com esse fluminense radicado em
São Paulo é passaporte para uma viagem fashion das mais encantadoras.
Professor do tema há mais de 20 anos –
14 deles na Faculdade Santa Marcelina
–, ele também é autor de livros que não
podem faltar na biblioteca de um fashionista. João é especialista em passado,
mas, neste bate-papo com MANEQUIM,
também fala de presente e futuro.

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O artesanato ganhou novo fôlego. Acha que essa estética se consolidou
como parte da nossa identidade visual? 

Está se consolidando. As pessoas estão
em busca de originalidade e genuinidade.
Diferentemente da arte manual pelo
mundo, aqui a alma do feito à mão é
explícita na moda. É uma obrigação de
política pública manter o interesse nessa
arte para que ela continue passando de
geração em geração.

Hoje, os blogs têm papel importante na
difusão da moda. Acompanha algum? 

Eu não acompanho mídias. Mas acredito
que blogueiras têm seu valor, pois encontraram um espaço e uma nova
forma de se comunicar. A internet
democratizou a informação, e isso é
ótimo. Eu não acesso blogs porque nem tenho computador. Fui convidado por uma aluna para
escrever sobre história no blog dela.
Mas é ela quem publica.

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Você também não tem e-mail e celular…

E não sinto falta. Não quero ser refém
dessa necessidade de estar conectado.
Sempre respondo a todos os recados
deixados no meu telefone fixo. 

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Qual a sua década preferida?

Que difícil! Vou escolher 1950 porque
foi a década do último suspiro de
sofisticação. Depois, o visual passou
a ser mais jovial, transgressor…

O que imagina que vai falar da moda de
agora quando você estiver lecionando
daqui a uns 20 anos?

A moda de hoje tem as referências
retrô e vintage muito fortes. Uma
pessoa pode aparecer vestida com
peças dos anos 1960 dos pés à cabeça que não vai causar nenhum
estranhamento. E assim como os
anos 1990 são lembrados por
personalidades da música como
influências, acho que os stylists e fotógrafos estão contribuindo para
registrar a moda de hoje e devem
ser bem lembrados.

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Que nomes você destaca na moda
brasileira atual?

Gosto muito do trabalho do Alexandre
Herchcovitch, que faz uma moda
urbana sem perder a identidade
brasileira. Destaco também o André Lima, que tem uma estética
sensual bem interessante; o Lino
Villaventura, que se reinventa como
poucos, a cada seis meses, sem
perder o próprio estilo; o Walter
Rodrigues, que faz um trabalho
lindo e superfeminino com renda…

Você é dois anos mais novo que
MANEQUIM (que tem 55 anos) e participou da nossa história… 

Sim. Já fui entrevistado por
muitos profissionais que passaram
pela revista e também colaborei
com alguns projetos. Com sua
linguagem didática e o serviço de
moldes, MANEQUIM cumpre um papel
importante na
história da moda
brasileira: torná-la
democrática e
acessível a todos
e em qualquer
canto do País. Por isso,
ela também
não sai de
moda. 

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