A violência doméstica contra mulheres é um problema mundial. Com a pandemia, os números, que já não eram baixos, subiram substancialmente – e no Brasil não foi diferente.
De acordo com um estudo publicado na revista The Lancet em fevereiro de 2022, 27% das mulheres de 15 a 49 anos sofreram violência física e/ou sexual dos parceiros masculinos durante a vida. Globalmente, estima-se que 27% das mulheres de 15 a 49 anos tenham passado por algum tipo de violência doméstica pelo menos uma vez na vida desde os 15 anos.
Os pesquisadores utilizaram dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre prevalência de violência contra a mulher e mais de 300 pesquisas e estudos realizados entre 2000 e 2018, em 161 países e áreas.
Conscientes desses dados – e tantos outros – criadores do projeto COSTURANDO SONHOS BRASIL visam acolher e empoderar essas mulheres.]
COSTURANDO SONHOS BRASIL
O Artigo 5.º da Lei 11.340, Lei Maria da Penha, define a violência doméstica como qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.
A ação visa atender e acolher mulheres de Paraisópolis, segunda maior comunidade de São Paulo, que vivem em situação de vulnerabilidade econômica e psicológica, de baixa escolaridade, autoestima e desempregadas.
Como essas mulheres são acolhidas?
A iniciativa tem como objetivo qualificar mulheres da comunidade para o ofício de corte e costura, na utilização de máquina reta e overloque. Ganhou fins industriais quando o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), doou 30 máquinas de costura industrial.
Com diversas coleções lançadas, o Costurando Sonhos, conta com consultoria de representantes de grandes grifes, parceria com outras empresas e total apoio que de moradores, do comércio de Paraisópolis e da “Associação Das Mulheres da Comunidade”.
As costureiras do projeto e a estilista Stephany Ramos, designer de moda especializada em sustentabilidade, criaram uma coleção focada no humano. “O método de design adotado para desenvolver a coleção da marca Costurando Sonhos, permite direcionar o olhar do designer para o processo do projeto, sendo este mais importante que o resultado final”, explica a coordenadora Suéli Feio.
Lançado em 2018, o projeto já capacitou mais de 300 mulheres. No primeiro ano, foram 40 mulheres, sendo que 30% estão trabalhando nas indústrias e 10% na ala de empreendedorismo, um espaço onde criam e produzem ecobags, necessaire, estojos, entre outros produtos, que são vendidos em feiras, e-commerce e pela página do Costurando Sonhos, no Facebook.
Os valores recebidos pelas vendas dos produtos são para manter o projeto, que atualmente conta com a parceria do SENAI-SP e DUDALINA, com doação mensal de retalhos, proporcionando as mulheres a confecção dos produtos.
O projeto compõe as iniciativas do G10 Favelas.
SOBRE O G10 FAVELAS
O G10 das Favelas é um Bloco de Líderes e Empreendedores de Impacto Social das Favelas que, assim como os países ricos do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), uniu forças em prol do desenvolvimento econômico e social dessas áreas urbanas. A exemplo dos grandes blocos econômicos, o G10 tem encontros regulares e termos de cooperação para que exista uma colheita de dados, acompanhamento das ações propostas e mensurado o real impacto social e crescimento gerado pelo bloco e seus parceiros. A ideia do G10 Favelas é inspirar o Brasil inteiro a olhar com atenção para as favelas, as tornando grandes polos de negócios, atrativo para investimentos, assim transformando a ‘exclusão’ em startups e empreendimentos de impacto social de sucesso.