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”Cresci lutando para mostrar que não era o meu corpo que me definia. Não desejo que as crianças e os adultos passem por isso”

Em entrevista exclusiva à Manequim, Ju Ferraz comenta a relação da desconstrução do corpo e liberdade da mulher ainda na infância

Em entrevista exclusiva à Manequim, Ju Ferraz comenta a relação da desconstrução do corpo e liberdade da mulher ainda na infância – Leca Novo

Você já parou para pensar quando sua relação com o espelho começou? Ou ainda, o quanto ela impacta na sua vida adulta? A empresária, influencer e defensora do movimento body positivity, Ju Ferraz também não sabe dizer ao certo.

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“Engraçado, não me lembro quando comecei a me relacionar diretamente com o espelho. Lembro dele sempre existir e eu, que não me sentia confortável no meu próprio corpo, passei muitos anos da minha vida enfrentando-o superficialmente. Sempre um encontro superficial. Depois de um longo caminho de transformação, entendi que o espelho não é um inimigo. Ainda não me sinto confortável na frente dele, mas hoje sou mais generosa comigo e com a imagem que projeto nele.”, recorda, em entrevista exclusiva à Manequim. 

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Segundo ela, é fundamental que influenciadoras falam sobre o body positive após a adolescência para existir uma relação de representatividade e perspectiva de futuro: “Sempre falo sobre a importância de desbravar estradas para as próximas gerações. Levantar a bandeira do corpo positivo é um grito de liberdade para nós que lutamos por isso e para as próximas gerações que viverão numa sociedade mais inclusiva e respeitosa. Não desejo que minhas sobrinhas cresçam pensando que a balança é uma grande vilã. Quero que elas cresçam felizes com quem elas são e como são”. 

Ju sabe tanto da sua importância do seu papel como voz do movimento que criou um recurso no Instagram – no começo de 2021, ela lançou um filtro na rede social, o “Beleza Real”, pois acredita que a plataforma necessitava de mais efeitos que incentivassem os usuários a respeitar a própria beleza natural, e não apenas utilizem os que modificam a imagem.

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Inclusive, a influencer explica que falar a criança e ser rede de apoio na aceitação de imagem é importantíssimo para seu desenvolvimento.  “A primeira coisa que precisamos fazer é mostrar às crianças a beleza real da vida. Ensinar os reais valores para crescer como ser humano e mostrar a importância da gente se amar como a gente é. Valorizar os pontos positivos e aceitar os pontos negativos”, diz. 

E acrescenta: “Personificar corpos e imagens de todos os tipos e formas, trazer personagens com características diversas e explicar que a beleza da vida está em amar e respeitar o outro do jeito que ele é”. 

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Caso não sejam uma rede de apoio, essas relações familiares e amizades podem ser tóxicas para as crianças. “Os adultos de hoje cresceram sendo educados para valorizarem o ‘corpo ideal’. A partir dessa verdade, muitas relações se tornam desequilibradas e tóxicas. O gordo acaba sendo marginalizado na maioria dessas relações. Por isso, precisamos estar alertas para as falas agressivas e o julgamento alheio. É um exercício de reeducação diário, onde adultos como pais e mães têm papel fundamental tanto na desconstrução do passado como na reconstrução do futuro”, fala.

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Ju ainda explica o uso comum de apelidos e o bullying na infância através de um relato pessoal. Ela conta que, na adolescência, era conhecida como “Ju Bola”. De acordo com ela, ainda hoje, aos 40 anos, se chegar em Salvador – sua cidade natal – algumas pessoas a chamam por esse nome.

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“Cresci lutando para mostrar que não era o meu corpo que me definia. Usei o trabalho como fonte de visibilidade. Mas, aos 33 anos tive meu primeiro burnout. Depois de muito sofrer, precisei mergulhar em mim. Psicólogos, psiquiatras, Thetahealing, muitos livros de auto ajuda para simplesmente me aceitar e me amar. Não desejo que as crianças e os adultos passem por isso. Foram anos de dor”, relembra.

Por fim, Ju reitera a importância de falar sobre corpos livres. “Precisamos normalizar os padrões, os corpos. Precisamos mostrar a beleza diversa. Mas, se ainda assim as marcas existirem, sugiro procurar profissionais como psicólogos e terapeutas para tratar sobre essas dores. O processo de autoconhecimento e auto amor são fundamentais para a gente se livrar do olhar do outro”, conclui.

Ju Ferraz
 

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