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Como serão as roupas pós-pandemia? Fashion specialist lista mudanças que podem acontecer

Fashion specialist Mariana de Moraes destaca que as tendências de moda sempre refletiram o comportamento da sociedade

Como as pessoas vão se vestir após a pandemia? – Pexels/ Edmond Dantès

Não é novidade que as tendências de moda refletem os anseios da sociedade, assim como a música, a novela, o filme. Quando compramos uma peça de roupa, não estamos consumindo apenas um produto, e sim toda sua representação dentro de um gigante cenário comportamental. 

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Mariana de Moraes, designer de moda, diretora criativa da MONOÁ e fashion specialist, cita mudanças que já ocorreram na sociedade que impactaram o mundo da moda e traz insights de tendências que vão ser influenciadas pelo cenário pós-pandemia, com a previsão de vacinação em massa para 2021. 

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Confira o texto completo da designer de moda:

Muito se comenta sobre tendências; aquela calça que será hit, o acessório must have, que todos têm-que-ter, o sapato do momento. Mas geralmente não nos questionamos o motivo de determinado item tornar-se desejo. Nem mesmo passa pela cabeça da consumidora comum todo o processo criativo e de pesquisa comportamental que existe antes do produto ser vendido nas lojas. 

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Quando assistimos a uma novela ou filme na televisão, claramente sabemos o período que irá nortear a história só de observar elementos do vestuário. Então, isso nos mostra de forma objetiva o quanto a moda reflete os anseios, crises, situação social e cultural de cada período.

Primeira Guerra Mundial: a feminilidade deu lugar à praticidade

Se observamos um movimento claro, podemos falar da primeira grande guerra, onde os homens foram alistados para defender seus países e as mulheres, que até então viviam sob a feminilidade da Belle Époque, precisaram abandonar as cinturas marcadas e sapatos finos por calças e uniformes, a fim de trabalhar ou demonstrar seu amor à pátria. Toda vez que vivemos uma grande mudança por motivos alheios aos desejos individuais a moda absorve e transforma. 

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O movimento hippie impactou não só os revolucionários

No meio dos anos 60, o movimento hippie estourava nos Estados Unidos e ganhava o mundo. Ele acontecia no berço dos movimentos dos direitos civis americanos e do rock psicodélico presente em famosos festivais de música, como o Woodstock, e trouxe para as roupas toques de revolução. 

O tie dye, roupas de tecidos leves, batas inspiradas em estampas indianas, acessórios e sandálias de couro fizeram parte daquela cultura baseada no “paz e amor”. No cabelo, as coroas de flores e os lenços eram frequentes. Com a sobreposição de colares e mistura de diferentes miçangas, cores e formas, a hippie dava um ar mais trash e rebelde ao look. A intenção era justamente mostrar uma certa revolta em relação a alguns acontecimentos da época, como a guerra do Vietnã.

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Voltando alguns anos, a moda da década de 50 era totalmente diferente e refletia outra sociedade: a sociedade que se reergueu depois da Segunda Guerra Mundial. O chamado american way of life se consagrava. A rotina das famílias voltava ao normal e as mulheres retornavam ao papel de donas de casa, com novos eletrodomésticos para ajudá-las, como a máquina de lavar e o aspirador de pó. A feminilidade ressurgia com força e não lembrava em nada a rebeldia dos hippies.

Logo, é de se imaginar que a moda, com os vestidos de bolinha, saias godê e plissadas, suéteres, blusas de gola, sapatilhas, lenços amarrados no pescoço ou envoltos na cabeça e óculos gatinho, transmitisse parte dessa realidade.

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O que vai mudar depois da pandemia

Falando do que vivemos hoje, as próprias máscaras, que são itens de proteção, já ganharam leitura de moda. Seja pelas grandes maisons ou até mesmo pela empresa menor que confecciona modelos no seu bairro; o desejo de expressão sempre existe. Nosso anseio de comunicar aquilo que sentimos é maior do que imaginamos.

Nós, que trabalhamos com criação, vivemos captando esses novos anseios para que possamos aplicá-los em nossas coleções. A primeira grande movimentação que entendemos foi a necessidade de proteção. Neste contexto, a modelagem oversized ganha espaço, os tecidos tecnológicos antivirais entram em destaque, e na indústria calçadista o conforto mais do que nunca é ponto primordial. Além dele, o maximalismo no cabedal – antes visto como um conceito de moda – hoje já ganha espaço nas ruas.

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É muito audacioso da minha parte dizer quais caminhos acredito que a moda irá seguir. Mas sinto que com a expectativa de vacinação mais próxima, as pessoas irão trazer todo esse anseio para o visual. As cores irão vibrar, os metais ganharão espaço, o desejo de diferenciação será ainda maior. 

A tendência será pautada na personalização, em transmitir cada vez mais uma identidade única ao look. Afinal, todos nós temos um grito preso na garganta após tanto tempo de confinamento e imprevisibilidade ao se pensar no amanhã. E vamos mostrar isso ao mundo nos próximos meses e anos.

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