Calcanhar rachado: por que aspecto piora com a idade e o que fazer para evitar e tratar?
Porque é tão comum com o passar da idade a pele dos pés apresentar o aspecto “rachado”? É o que responde a farmacêutica Karina Soeiro na coluna desta semana. Ela ainda ensina o que fazer para tratar a região e evitar o desconforto.
Quem nunca teve a pele do calcanhar com rachaduras feias e dolorosas, ao menos conhece alguém já passou por isso, não é mesmo? É mais comum em pessoas mais velhas, mas existem jovens com vinte e tantos anos que sofrem com este problema. Mas afinal de contas, porque ele ocorre e como podemos prevenir e tratar?
Diferente do que acontece com grande parte da pele do nosso corpo, a pele da planta dos pés e da palma das mãos possui uma camada extra de células cheinhas de queratina, uma proteína estrutural e impermeável, responsável por um mecanismo de barreira. Essa é uma das funções mais importantes da nossa pele, impedindo a entrada de micro-organismos que podem causar infecções, preservando a integridade das células de camadas mais profundas e a hidratação cutânea.
As células da epiderme (camada mais superficial da nossa pele) são produzidas inicialmente em uma camada mais profunda chamada camada basal. As células aí produzidas vão se diferenciando e “amadurecendo” à medida que são transferidas para as camadas superiores. Essas, são: estrato espinhoso, granuloso e córneo, respectivamente. Durante esse percurso ocorre um aumento progressivo e substancial na produção de queratina, a ponto de o núcleo desta célula deixar de existir. Ele se torna uma célula compacta e repleta de queratina chamada de corneócito.
Como disse, a pele da planta dos pés e da palma das mãos tem uma característica muito peculiar que as torna mais “grossa” e resistente. Ela tem uma porção extra de células entre o extrato granuloso e córneo denominada camada lúcida. As células da camada lúcida adicionam uma quantidade importante de queratina compactada a esse tecido, o tornando mais preparado para exposição ao contato com solo ou superfícies ásperas. Isso, quando se trata dos pés e o manuseio de objetos. Quando se trata das mãos, atua como uma “capa” protetora.
Todas as vezes que expomos os pés, seja ao andarmos descalços, usando sandálias, chinelos ou saltos abertos que mostrem o calcanhar, estimulamos o espessamento da camada lúcida e córnea, que por um mecanismo de defesa, torna o tecido cutâneo mais resistente a este tipo de agressão. Aí se inicia o problema! Quando essa camada de pele se torna demasiadamente espessa e, consequentemente, com uma quantidade muito grande de queratina (que é impermeável), ocorre a formação de uma barreira rígida. Ela dificulta a chegada de água e substâncias importantes para a hidratação desta pele e como resultado temos um ressecamento extremo que leva a verdadeiras “rachaduras” muito comuns na região dos calcanhares. Essas fissuras podem se agravar a ponto de ocorrer um sangramento e chegam a ser extremamente dolorosas.
Publicidade
A verdade é que não existe milagre meus amores. Saltos, sandálias abertas, rasteirinhas, chinelos e andar descalça não permite que a pele do nosso pé permaneça fininha e macia como de um bebê (a mesma explicação vale para os famigerados calos nos dedos dos pés tá?).
Mas, Karina, o que fazer então?
Como eu já disse o ideal é evitar usar esse tipo de calçado ou andar descalça, pois isso favorece o aparecimento e agrava o problema das rachaduras nos pés e o aparecimento de calos. Mas sou mulher e SEI QUE NÃO É FÁCIL – e não vamos abrir mãos das nossas rasteirinhas, chinelinhos e dos nossos saltos elegantes não é mesmo? Bom, se a realidade é esta, o ideal é dosar. A ideia é usar o menos possível e incluir na rotina diária um bom hidratante para os pés. Cremes com óleos, ureia, ácido lático e salicílico em suas composições são ótimas opções, em pequenas concentrações quando a intenção for prevenir e manter a pele da planta dos pés e calcanhares saudáveis. Esses produtos podem ter concentrações maiores quando a intenção for tratar as rachaduras. Mais uma vez: conhecimento é tudo, né, pessoal? Contem comigo 😉
Farmacêutica, Biomédica, Mestre em Ciências Farmacêuticas pela USP, professora universitária e palestrante internacional em conferências e cursos médicos e farmacêuticos.
Consultora em pesquisa e desenvolvimento de dermocosméticos para farmácias de manipulação e marcas Brasileiras, Norte Americanas e Alemã.
CEO da farmácia de manipulação Apotheka e fundadora da Cosmeteria Gourmet, marca de cosmecêuticos inspirada na confeitaria e atualmente representada por 60 farmácias de manipulação em todas as regiões do Brasil. Karina é também criadora do primeiro clube de inovação para farmacêuticos, o Innovation Club.
Este site utiliza cookies e outras tecnologias para melhorar sua experiência. Ao continuar navegando, você aceita as condições de nossa Política de Privacidade