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A Vitamina C, por ser um ácido, pode ser usada na pele durante o dia?

Será que os séruns e cremes de vitamina C podem ser usados durante o dia? Quem responde essa pergunta, hoje, é a farmacêutica e colunista da Manequim Karina Soeiro

A Vitamina C, por ser um ácido, pode ser usada na pele durante o dia?
A Vitamina C, por ser um ácido, pode ser usada na pele durante o dia? – FREEPIK

VITAMINA C durante o dia? Pode usar? Essa é uma boa pergunta e gera muita dúvida nas pessoas, uma vez que temos alguns conceitos que se confundem quando se trata da utilização de ácidos na pele e exposição ao sol. Bom primeiro de tudo, sabemos que independente da utilização ou não de ácidos, não devemos expor a pele a radiação solar sem proteção, não é mesmo?

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Câncer, manchas e envelhecimento precoce da pele são algumas das possíveis consequências de se expor a radiação ultravioleta do sol sem a utilização de um bom fotoprotetor que proteja tanto contra as radiações UVB (essa proteção é indicada através do número do FPS), UVA (indicada através das siglas FPUVA, PPD ou proteção UVA) e atualmente filtros modernos que protegem também contra a radiação infravermelha e luz azul.

Mas e a utilização de ácidos, como a Vitamina C, associada ao protetor solar, ou em outro horário do dia que ficamos expostos ao sol, pode ser perigoso?

A resposta é depende, depende do ácido em questão, e se ele for o ascórbico, a nossa famosa VITAMINA C, a resposta é NÃO, ele não só pode, como deve ser utilizado durante o dia também.

“ Mas Karina, meu dermatologista me receitou um ácido para passar a noite, e disse, que mesmo com protetor solar durante o dia, não posso me expor ao sol de maneira alguma…”

Calma que vou te explicar. Na verdade, existe uma verdade sobre alguns ácidos e uma confusão em relação à vitamina C.

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Sol e vitamina C

Muito do receio que existe de utilizar um cosmético ou um cosmecêutico com ácido em sua composição e se expor ao sol, mesmo que devidamente protegido, se faz porque existem alguns ácidos, em especial o retinóico (e alguns dos seus derivados) que são fotossensibilizantes, ou seja, a presença da radiação solar aumenta a possibilidade de ocorrer uma sensibilização exagerada com consequente inflamação que pode levar ao aparecimento ou piora de manchas na pele, e por isso durante o tratamento, mesmo utilizando protetor solar, o sol deve ser fortemente evitado.

O ácido ascórbico, diferente do retinóico, não é fotossensibilizante. Existem inúmeros estudos científicos comprovando que sua utilização durante o dia, além de não fazer mal algum, auxilia a proteger a pele contra os efeitos deletérios da radiação solar. Quando expomos a pele ao sol sem proteção, ocorre uma cascata de eventos que levam ao estímulo da produção de melanina (nosso fotoprotetor natural, produzidos por células especializadas chamadas de melanócitos, que são responsáveis pela coloração da nossa pele) e também a formação de moléculas que tem um grande potencial de gerar inflamação, diminuir a imunidade e alterar o DNA das células cutâneas podendo levar a um câncer de pele.

Todo esse processo ocorre através de uma série de eventos oxidativos, que pode ser remediado utilizando um potente antioxidante, interrompendo assim grande parte desse processo danoso às células da nossa pele, e aqui vem a boa notícia: quem é um bom antioxidante para a pele? Sim, a nossa boa e velha VITAMINA C (que por sinal, lembrem-se: é um ácido, o ascórbico).

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EXEMPLO RÁPIDO E FÁCIL DE ENTENDER

Parece difícil, mas não é! Vou dar um exemplo bem claro a vocês: Partam uma maçã ao meio, em uma das metades passe vitamina C, ou algum alimento rico em vitamina C como o limão, e na outra metade não faça nada. Observe depois de dez minutos. Pronto!

A metade com vitamina C está clarinha, parece fresca, saudável e dá vontade de comer, não é? A outra escureceu…. ou seja, a parte sem a vitamina C, que é um poderoso antioxidante, se oxidou… Entendeu a relação? Ficou fácil né?
Agora toquei em um outro ponto que causa certa confusão.

 

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Quando pensamos em frutas cítricas, pensamos em altas concentrações de vitamina C.

Essa associação está correta, grande parte das frutas cítricas possuem altas concentrações de vitamina C, e algumas delas, como o limão causam “queimaduras” quando o seu sumo ou casca entram em contato com a pele e ocorre a exposição ao sol, mas a confusão ocorre quando associam essa reação à vitamina C.

Ela definitivamente não é a culpada pela fitofotodermatite (esse é o nome correto para a reação que ocorre na pele ao entrar em contato com substâncias fotossensibilizantes e posterior exposição ao sol), causada pelo limão, outras substâncias chamadas de furocumarinas presente não somente no limão, mas também em outras frutas e folhas como laranja, abacaxi, tangerina, caju, figo, arnica e arruda são as responsáveis pela fototoxidade destes alimentos e plantas. Ou seja, não tem nada a ver com o ácido ascórbico, a vitamina C, que deve sim ser incluída na sua rotina diurna de skincare associado a um bom fotoprotetor, além de auxiliar no cuidado contra as radiações ultravioletas do sol, ela colabora no clareamento das manchas e ajuda a tratar e prevenir o envelhecimento da pele estimulando tudo que mais queremos: Colágeno e elastina!

A vitamina C pode estar presente em séruns, loções, cremes e até em conjunto com o próprio protetor solar. Além da vitamina C ácida (ácido ascórbico), existem outras formas de vitamina C como alguns sais, esteres e ligadas a açúcares, que são moléculas mais estáveis e por isso muitas vezes nós farmacêuticos e químicos lançamos mão destas possibilidades para poder associar a outros ativos e até mesmo inclui-la na composição do seu fotoprotetor. Se você encontrar um dos nomes no rótulo do seu cosmético ou filtro solar : “magnesium ascorbyl phosphate, ascorbyl tetraisopalmitoyl ou ascorbyl Glucoside” é uma forma diferente de vitamina C que existe em sua composição. Conhecimento é o máximo não é mesmo?

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*Karina Soeiro – Farmacêutica, Biomédica, Mestre em Ciências Farmacêuticas pela USP, professora universitária e palestrante internacional em conferências e cursos médicos e farmacêuticos.
Consultora em pesquisa e desenvolvimento de dermocosméticos para farmácias de manipulação e marcas Brasileiras, Norte Americanas e Alemã.
CEO da farmácia de manipulação Apotheka e fundadora da Cosmeteria Gourmet, marca de cosmecêuticos inspirada na confeitaria e atualmente representada por 60 farmácias de manipulação em todas as regiões do Brasil. Karina é também criadora do primeiro clube de inovação para farmacêuticos, o Innovation Club.