A farmacêutica Karina Soeiro chega à Manequim como colunista para desmistificar produtos de beleza, cosméticos, rotinas padronizadas da internet e para reafirmar o que, de fato, faz bem ao nosso organismo. Às terças-feiras, a cada 15 dias, na Manequim Digital!
Hoje são tantas possibilidades e opções na escolha dos produtos para skin e hair care não é mesmo? Mas será que todos eles são necessários? Por muitas vezes, a indústria da beleza nos faz acreditar que precisamos incluir mil e um passos na nossa rotina de skincare, utilizando um número cada vez maior de produtos que nos faz gastar além de dinheiro um tempo enorme para cumprir todos esses passos. Isso sem contar as consequências que o hiperconsumismo nos traz: ao utilizar uma diversidade razoável de cosméticos, geramos uma quantidade absurda de lixo através do descarte de frascos, causando um impacto considerável ao meio ambiente. Nada sustentável, nem para seu bolso e muito menos para nosso planeta.
Iremos conversar por aqui o que é necessário, dispensável e proibido na escolha e associação dos cosméticos utilizados na rotina de cuidados com a pele e cabelos. Vamos desmistificar, entender e escolher de uma maneira racional e prática qual produto devemos dispensar ou incluir no nosso arsenal de beleza?
Será que ele é mesmo indispensável? Prescrito por médicos há anos e com inúmeras versões, preços e de diferentes marcas, o tônico facial é uma solução que basicamente promete complementar a rotina de limpeza da pele, removendo resíduos de impurezas, equilibrando o pH e promovendo hidratação em versões para peles sensíveis, com melasma, anti-aging ou então colaborando no controle da oleosidade de peles acneica (tônicos faciais com essa função comumente são chamados de adstringentes).
* Leia também:
Para que se faça a escolha racional de um cosmético ou agente de limpeza é necessário entender qual a composição e função dos seus constituintes, então vamos desvendar algumas informações que estão nas letras miúdas atrás dos rótulos. O tônico facial é uma solução composta por água, conservantes, uma pequena concentração de tensoativo (o tensoativo é um agente de limpeza e pode ser identificado na composição comumente como Laureth -ou algum outro “eth”-, Sodium Sulfate,” Sulfoccinate, Polysorbate ou PEG), agentes que permitam o ajuste do pH próximo a 5.5 (que é o mesmo pH da nossa pele), glicerina (potente hidratante), extratos vegetais, vitaminas e uma infinidade de ativos com diferentes funcionalidades. Pronto!
Agora que entendemos um pouco da sua composição, vamos aos fatos:
1- O agente de limpeza usado nos tônicos são mais suaves e estão em menor concentração quando comparado aos sabonetes, líquidos ou em barra, portanto o poder de limpeza do sabonete é muito superior a de um tônico facial, sendo assim sua utilização para este fim não se justifica: Uma buchinha suave associada ao sabonete correto é a melhor maneira de remover todas impurezas da sua pele, com exceção da maquiagem, que não é facilmente removida com sabonete e nem tônico facial, neste caso você precisa de um demaquilante, mas a make é um capitulo a parte, uma boa ideia para os próximos temas não é mesmo?
2- Manter o pH próximo a 5.5 é sim essencial para nossa pele. Será que seria essa a função que torna o tônico facial indispensável? Sim e não! Se você utilizar um SABONETE EM BARRA que não seja um syndet (estará escrito no rótulo se for, e temos pouquíssimas opções no mercado, todas com um custo elevado), inevitavelmente o pH da pele ficara muito acima do que deveria por até 90 minutos. Isso definitivamente não é bom. Neste caso, a utilização de um tônico facial se justifica, ele irá auxiliar na regulação do pH… MAS se a sua escolha não for um sabonete EM BARRA e sim sua versão LÍQUIDA, você elimina esse problema. Os sabonetes líquidos são produzidos com tensoativos de origem natural ou sintética e ambas opções se ajustam facilmente ao pH pele, ou seja, a questão do pH é sim importante, mas a solução é bem simples, se usar o sabonete correto, não irá precisar utilizar um tônico facial.
3- Em relação a função tratamento, seja hidratação, controle da oleosidade, melasma ou antienvelhecimento, todos os ativos utilizados na composição dos tônicos faciais estão em uma concentração muito menor quando comparada ao creme, loção, gel ou sérum de tratamento que usamos no passo posterior
da nossa rotina de cuidados com a pele, portanto a função tratamento é dispensável. A rotina deve ser: lavar com o sabonete correto (não precisa “tonificar”) e tratar!
Ao realizarmos uma análise crítica da composição de um tônico facial versus a sua função, entendemos que seu uso é sim dispensável, e cada uma das promessas desse cosmético pode e é cumprida de maneira eficaz através do uso racional de outros produtos da sua nécessaire. O conhecimento nos permite assumir as rédeas das nossas escolhas não é mesmo? Viva sua pele, seu bolso e o nosso planeta.
Karina Soeiro.
Ver essa foto no Instagram
**
Karina Soeiro – Farmacêutica, Mestre em Ciências Farmacêuticas pela USP e consultora no desenvolvimento de dermocosméticos
Farmacêutica e Mestre em Ciências Farmacêuticas pela USP, Karina Soeiro é fundadora da Apotheka Farmácia de Manipulação, e também atua como desenvolvedora de dermocosméticos, docente, pesquisadora no desenvolvimento de dermocosméticos para marcas brasileiras, norte americanas e alemãs, e também palestrante internacional em conferências e cursos médicos e farmacêuticos.
Com inovação presente em seu DNA, em 2018, a farmacêutica inovou mais uma vez ao lançar a Cosmeteria Gourmet, marca inspirada na fragrância e textura de doces e frutas, criada para ser um diferencial de mercado na cosmetologia. Hoje está presente em mais de 60 farmácias de manipulação espalhadas pelo Brasil. Criadora do primeiro clube de inovação para farmacêuticos, o Innovation Club.
