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Sabonete e pele: qual comprar e qual o impacto da escolha correta do agente de limpeza?

Qual é o sabonete perfeito para a sua pele? É o que a farmacêutica Karina Soeiro te ajuda a descobrir na coluna desta semana

Sabonete e pele: qual comprar e qual o impacto da escolha correta do agente de limpeza?
Sabonete e pele: qual comprar e qual o impacto da escolha correta do agente de limpeza? – Freepik

Existem várias opções na hora de escolher qual produto iremos utilizar para lavar a pele, não é mesmo? Mas qual a melhor escolha? Ou melhor, essa escolha é realmente tão importante assim? Vamos esmiuçar esse tema por aqui e vou te tornar uma “especialista” no assunto.

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Sabonete: como escolher o correto para a pele?

Hoje, o mercado oferece diversas opções de sabonetes. Entre eles, estão os em barra, líquidos, syndets, cleansing oils e loções de limpeza. Para fazer a escolha correta para o seu tipo de pele é importante que você conheça quais são as opções e as principais diferenças entre elas. Então, vamos lá:

Sabonete em barra

Dentre todos os agentes de limpeza, o mais antigo e ainda muito utilizado é o sabonete em barra. A data do primeiro sabão conhecido na história é próxima a 600 anos antes de Cristo. Nessa época, fenícios aqueceram gordura animal, água e cinzas de madeira até obterem uma pasta que servia para limpar o corpo.

O processo químico que resulta na formação do sabão de lavar roupa é o mesmo do clássico sabonete em barra que utilizamos no nosso banho. Essa ação, nada mais é que a reação entre uma gordura – que pode ser de origem animal ou vegetal – com uma base forte (como a famosa “soda cáustica”). As duas juntas formam sabão e glicerina. Sim, é exatamente aquela mesma “receita” que nossas avós faziam sabão em barra com o resto de óleo usado para fritar – o conhecido processo de saponificação.

A grande questão do sabonete em barra feito por este processo (99,9% são feitos assim, tá gente?) é o pH deste produto. Como a utilização de uma base forte – a soda caustica- é uma condição sine qua non para que esta reação química ocorra, o produto resultante dela possui um pH extremamente alto. Ele costuma estar entre 9 e 11, o que é muito diferente do pH fisiológico.

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Mas qual é o PH bom para a pele?

O pH de uma pele saudável é próximo a 5,5. É essencial que ele se mantenha neste nível, para inibir o crescimento de micro-organismos, como bactérias, que podem causar infecções e também para que forme uma barreira eficaz contra a permeação de substâncias estranhas.

Indivíduos com determinadas doenças dermatológicas (como a dermatite atópica, por exemplo) possuem uma alteração na produção de uma proteína responsável pela manutenção do pH fisiológico. Essa questão proporciona o ressecamento, infecções e outros sintomas desconfortáveis na pele destes pacientes. O que você acha que irá acontecer se alguém que possui dermatite atópica fizer uso de um sabonete feito pelo processo de saponificação (pH super alto)? Sim, estes sintomas irão piorar bastante!

Estudos comprovam que mesmo peles “normais” (sem a doença) levam até mais de três horas para regular o pH após a utilização de um sabonete com pH próximo a 10. Para estes pacientes, que naturalmente já têm dificuldade de regular um parâmetro tão importante para a saúde da pele, tudo fica bem mais complicado.

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Outros estudos demonstraram que para quem tem acne, a utilização de um sabonete com pH ligeiramente acima do ideal (em torno de 6.5) promove uma piora importante no número e tamanho das lesões. Ao mesmo tempo em que é observado um aumento exponencial da quantidade de Cutibacterium acnes (bactéria responsável pelo desenvolvimento desta doença de pele).

Portanto, o sabonete em barra convencional nunca deve ser utilizado em pele sensível, ressecada ou com qualquer tipo de alteração ou doença de pele.

Syndet

O termo Syndet em inglês, vem da união de duas palavras: synthetic detergent e foi descrito a primeira vez em 1959.

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Os syndets são agentes de limpeza que possuem um aspecto muito parecido com os sabonetes tradicionais, porém ao invés do sabão ser feito pelo tradicional processo de saponificação, a sua formulação é feita utilizando um tensoativo (“detergente”) não proveniente desta reação química. Essa mistura permite que o pH do produto seja próximo ao pH fisiológico, fazendo desta uma melhor opção para peles sensíveis. Ou, também, quando a intenção for a limpeza associada a um ácido (como um sabonete contendo ácido glicólico por exemplo).

Hoje, são poucas as opções de syndet no mercado brasileiro e as versões contendo insumos ativos estão disponíveis somente em farmácias de manipulação (vale aqui contar o orgulho que eu sinto de ter desenvolvido a primeira formulação de syndet para as farmácias de manipulação no Brasil? ;)).

Sabonetes líquidos

Os sabonetes líquidos em geral são produzidos com tensoativos sintéticos. Portanto, a questão do pH é bem tranquila por aqui.

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Entretanto, o pH não é o único vilão das peles sensíveis e com algum tipo de problema dermatológico. O tipo e a concentração do tensoativo (responsável pela limpeza) e a utilização de substâncias que diminuam o impacto da remoção da gordura na pele, como adição de emoliente e hidratantes (óleos, manteiga e glicerina, por exemplo) na formulação, interferem e muito a suavidade do produto. Um jeito fácil de identificar a presença dos tensoativos mais agressivos na composição é olhar no rótulo e buscar por Lauril sulfato ou Lauril éter sulfato de sódio. Já a presença dos emolientes traz um efeito oposto, diminuem a agressividade do agente de limpeza e trazem hidratação e maciez a pele.

Cleansing oils e loções de limpeza

Estes são os produtos mais indicados para peles sensíveis, desidratadas ou com doenças dermatológicas. Levam em sua composição os detergentes mais suaves (mesmo os cleansing oils possuem tensoativos) e uma boa carga de agentes hidratantes. Eles, sem dúvida alguma, são os que mais preservam a função barreira da nossa pele. Eu particularmente sou A-P-A-I-X-O-N-A-D-A por cleansing oils. Aplicar um óleo de limpeza, massagear gentilmente, enxaguar e sentir a pele limpa e muito hidratada. Um luxo só!

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Karina Soeiro

Farmacêutica, Biomédica, Mestre em Ciências Farmacêuticas pela USP, professora universitária e palestrante internacional em conferências e cursos médicos e farmacêuticos.

Consultora em pesquisa e desenvolvimento de dermocosméticos para farmácias de manipulação e marcas Brasileiras, Norte Americanas e Alemã.

CEO da farmácia de manipulação Apotheka e fundadora da Cosmeteria Gourmet, marca de cosmecêuticos inspirada na confeitaria e atualmente representada por 60 farmácias de manipulação em todas as regiões do Brasil. Karina é também criadora do primeiro clube de inovação para farmacêuticos, o Innovation Club.